sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Setembro sem Ciência!?



Não é novidade que estamos no meio de uma crise. Ela não é apenas financeira, mas institucional (e política). Neste contexto, a ciência brasileira sofre mais uma abalo nesta semana. No início do mês de Agosto  foi anunciado que os alunos de Iniciação Científica (IC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que possuem bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) poderiam deixar de receber seu benefício no próximo mês. A falta de comprometimento com a pesquisa científica e os cortes orçamentários que o CNPq vem sofrendo nos últimos anos são a justificativa  

Segundo foi noticiado pelo MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações, Comunicações e o que mais der para empurrar), o ministro Gilberto Kassab se reuniu na última quarta (02 de Agosto) com o atual presidente do CNPq, Mario Neto Borges, para discutir a grave crise orçamentária que a entidade vem enfrentando em virtude do contingenciamento de verbas do Governo Federal e a manutenção das bolsas e projetos de pesquisa.

O orçamento do CNPq aprovado para este ano é de R$ 1,3 bilhão, mas, por causa do contingenciamento, o órgão está autorizado a gastar apenas 56% disso (R$ 730 milhões). Até a última semana de Julho, já havia gasto R$ 672 milhões. Segundo Borges, a estratégia foi atrasar a aplicação do corte para o fim do ano (em vez de parcelá-lo mês a mês) para ganhar tempo, na esperança de que o ministério consiga desbloquear os recursos que foram congelados.

No dia 31 de Julho, antes da reunião entre MCTIC e o CNPq, a  Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) enviaram uma carta ao ministro Kassab, alertando para este colapso orçamentário do CNPq e pedindo o descontingenciamento de R$ 570 milhões do orçamento da agência. Esse é, aproximadamente, o valor que o órgão necessita para fechar as contas do ano, segundo Borges.

Segundo Borges, o CNPq financia estudos e pesquisas de cerca de 100 mil bolsistas brasileiros. O pagamento das bolsas de pesquisa referentes ao mês de agosto (a ser feito em setembro) está assegurado.

A preocupação de cientistas e dirigentes do CNPq e de outras entidades se refere aos meses seguintes, em meio ao contingenciamento de gastos do governo federal.

Kassab ressaltou que o MCTIC tem mantido diálogo com a equipe econômica pela recomposição orçamentária e a preservação de recursos para pesquisa científica. Destacou a importância da ciência para o país e reiterou que as bolsas de pesquisa científicas de responsabilidade do CNPq são fundamentais.

"Estamos em diálogo permanente com o governo, com os ministérios econômicos e trabalhamos com a perspectiva de suprir o que é necessário para o CNPq", disse o ministro.

Para o presidente do CNPq, Kassab transmitiu "confiança" à direção da agência. "Manifestamos a preocupação com relação a recursos e bolsas de pesquisa, e o ministro nos tranquilizou quanto à situação, nos deixou confiantes para continuar trabalhando pela normalidade no CNPq", afirmou Borges.

O momento que estamos enfrentando é bem complicado. Não apenas para a ciência, mas também para educação, saúde, segurança, infraestrutura. A falta de verba atinge praticamente todos os setores (menos, é claro, os mais fundamentais para se manter no poder).

Em meio a essas incertezas, a SPBC iniciou a campanha "Conhecimento sem Cortes" com o objetivo de conseguir mais investimentos para ciência tecnologia. 

E nós, bolsistas de graduação e pós-graduação, devemos continuar atentos para que esse "Setembro sem bolsa" não chegue. 


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